Crítica – Iboy (2016)

Vagando pelo catálogo da Netflix me chamou a atenção um filme intitulado Iboy, considerado o primeiro longa-metragem original da companhia que conta a história de um super-herói, ainda que estejamos falando de algo bem diferente do que a Marvel e a DC Comics tem apresentado, o filme é digno de ganhar destaque. Com uma premissa não muito inovadora, mas interessante, Iboy nos apresenta ao jovem Tom (Bill Milner, X-men: Primeira Classe), um adolescente comum que vive na periferia de uma cidade britânica com sua avó, criado por ela devido a morte de sua mãe que tinha envolvimento com o vício em drogas.

Tom é um garoto tímido e deslocado, onde vale se ressaltar o bullying sofrido na escola,  devido ele não se declarar para sua amiga Lucy (Maisie Williams, Game of Thrones). Uma noite após a aula este vai visitar sua amiga e acaba presenciando um ataque de gangue a família dela, onde ela é estuprada por um bando de jovens encapuzados e seu irmão espancado (ah, tudo registrado por vídeo). Ao tentar fugir e ligar para a polícia ele leva um tiro na cabeça, quando acorda do coma de dez dia, ele descobre que partes de seu Smartphone ficaram alojados dentro de seu cérebro, o que dá a ele  a habilidade de se conectar com qualquer objeto eletrônico ou criar pulsos sonoros e eletromagnéticos.

Tomado pela raiva de ver sua paixão traumatizada pelo ataque e com senso de justiça e vingança, Tom torna-se Iboy, uma espécie de Super-Hacker e Justiceiro Social que decide encontrar os culpados do estupro e desmantelar a rede de tráfico de drogas que controla a periferia onde ele vive. Como muitos filmes de super-heróis, Iboy segue a mesma linha de coisas improváveis que normalmente matariam alguém, mas que fazem dele alguém especial. Não merecendo aqui uma critica maior ou menor, uma vez que não é algo novo. Porém, o filme por ter uma premissa bem forte me lembra uma mistura de um mundo sombrio do Batman, porem com um personagem no estilo Peter Parker no mundo de Watch Dogs, só que na Inglaterra.  

O filme é baseado na história homônima de Kevin Brooks, com o roteiro de Joe Barton (O Ritual de 2017 e Meus Dias de Compaixão de 2019) e direção de Adam Randall (Fim do Jogo de 2016), o roteiro, mesmo um pouco lentamente nos faz se descobrir junto ao protagonista os seus poderes e possibilidades, o que é algo divertido ao ponto que ele torna a obra mais palatável. Além disso Iboy novamente nos leva a um filme da Netflix, onde problemas sociais não são censurados, o que nos garante uma retratação nua e cura de nossa sociedade, onde a violência e o tráfico de drogas, capta jovens da periferia, fazendo com que estes façam atos bárbaros contra aqueles que vivem junto a eles, em nome da fama, respeito e claro dinheiro.

Os efeitos especiais conseguem agradar muito no decorrer da obra, mesmo com eu baixo orçamento o filme consegue apresentar na tela algo que nos faz entender o que, como e por qual motivo ele faz aquilo, tudo de forma muito intuitiva, como seria se realmente tivéssemos esses poderes. Porém vale ressaltar, que ao contrário da maioria das obras de super-heróis, temos neste um pingo de realidade ao perceber que o caminho trilhado pelo protagonista é perigoso e com ele sente-se a vulnerabilidade que este se encontra, pois como a cena onde o chefe manda invadir a casa de cada um dos moradores do complexo e aprende-se todos os eletrônicos, nos mostra que ele ainda esta vulnerável. Por mais que ele tenha toda a tecnologia ao seu lado, ele ainda possui o mesmo físico e condições, podendo ser alvejado ou mesmo descoberto durante todas suas missões e cada vez mais elas chamam atenção.


Mas nem tudo são linhas de programação corretas e certeiras, o filme comete vários erros na narrativa, dando muito foco a personagens dispensáveis, que seria melhor compreendido em uma série, mas não em um filme. Ao mesmo tempo que seu final acaba sendo jogado rápido de mais, não obedecendo a narrativa já apresentada anteriormente, mudando a perspectiva de vermos junto ao protagonista, para assistirmos o protagonista agir. 

  1.  Minha avaliação da obra é uma nota 4 de 5. 

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